A Educação na Constituição Federal do
Brasil é tratada como direito de todos e dever do Estado e da família, devendo
ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e a sua
qualificação para o trabalho, sendo o ensino livre à iniciativa privada.
A Educação abrange os processos formativos que se
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais.
No Censo da
Educação Superior (2011), o número de ingressantes em cursos de graduação
superior, atingiu a marca de 2.346.695 mil. Deste total, 20,91%, ou 490.680
mil, corresponderam a ingressantes em instituições públicas, e 79,09%, ou
1.856.015 em instituições privadas, estatística que consolida a supremacia dessas
instituições no ensino superior do País.
Este
questionamento pode ser visto por dois prismas: a participação e a contribuição
da iniciativa privada, como empreendimento educacional voltado para a geração
de riquezas e apoio ao desenvolvimento econômico, criando emprego e renda para
a população; e a forma como essas organizações com fins econômicos produzem e entregam
a educação.
Produzir
Educação envolve recursos humanos, financeiros, logísticos e requer técnicas de
gestão apropriadas e sustentáveis. Ademais, todo o processo e a sua geração deve
ser envolvido pelas boas e recomendadas práticas pedagógicas, sendo o homem, e
a sua relação com o mundo, a razão do produto final.
Para Moran[1]: a educação tem que cativar e conquistar os estudantes. A educação precisa encantar,
entusiasmar, seduzir, apontar possibilidades e realizar novos conhecimentos e
práticas. O conhecimento se constrói a partir de constantes desafios, de atividades
significativas, que excitem a curiosidade, a imaginação e a criatividade.
Ainda segundo Moran: a educação pública costuma ser identificada como direito, como dever
social, como construção de identidade pessoal e grupal (embora também haja
muita acomodação, corporativismo e desperdício de recursos). Já a educação
privada está mais associada ao bem econômico, ao negócio, investimento
financeiro (embora haja grandes instituições que procuram destacar a dimensão
social sobre a mercantil).
Nem
toda a educação pública desenvolve as dimensões sociais, assim como nem toda a privada
só se preocupa com o “business”.
É
possível sim, que a educação, como direito, conviva harmoniosamente com o
negócio.
Na
essência, como empreendimento que depende de seus próprios esforços para gerar
receitas e resultados, de forma eficiente e eficaz, para honrar compromissos legais,
socioambientais, e ainda promover os investimentos necessários para a sua
própria sustentabilidade, deve aliar as boas práticas de gestão, com as pedagógicas
e metodológicas exigidas pela educação de qualidade.
Aos gestores cabe conhecer a boa prática
pedagógica, da mesma forma que os educadores devem se deixar tomar pelos
saberes gerenciais, viabilizadores do empreendimento, do ensino e da aprendizagem.
Felizmente, este pensamento tem prevalecido e a sociedade
passou a perceber que a educação escolar, pública ou privada, deve ser bem
administrada. Enquanto pública, os recursos devem ser dispendidos de forma
eficiente, eficaz e com efetividade. Enquanto privada, o próprio mercado cuida
de punir a prática que não privilegie a sustentabilidade.
[1]
José Manuel Moran é bacharel
em Televisão pela Escuela de Ciências de la Educación y Comunicación Social da
Universidad del Salvador, Buenos Aires. Atualmente é professor de Novas
Tecnologias no Curso de Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da
USP e desenvolve pesquisa sobre como integrar a comunicação interpessoal e as
novas tecnologias à educação. É ainda consultor "ad hoc" do CNPq, da
FAPESP e da CAPES. Dentre outros, escreveu o livro: A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá.