De maneira geral, as civilizações sempre foram marcadas por profundas divisões de classes em sua estrutura social, sobretudo relacionadas à questão econômica e religiosa, onde as pessoas portadoras de deficiências, iniciando-se pela Idade Antiga, eram consideradas inaptas, principalmente por não poderem emprestar a sua mão-de-obra para as grandes construções, nem tão pouco para servirem nas intensas batalhas militares, fatores determinantes e excludentes da vida econômica e social. Ademais, a religião entendia a deficiência como doenças só passíveis de cura com a intervenção dos deuses.
A passagem para a Idade Medieval foi marcada pela transição da escravidão para o feudalismo, assim como o fortalecimento da igreja como a única capaz de minimizar as dificuldades e sofrimentos das pessoas portadoras de deficiências. Entretanto, para a inquisição religiosa, mesmo que estes não praticassem atos por ela reprovados, não conseguiam escapar de suas atrocidades, e ainda associavam a deficiência como castigo divino, maus espíritos ou demônios, vinculando, também, a bruxarias ou heresias, onde o pecado e a teologia da culpa assumiam a hegemonia sobre a questão da deficiência, justificando atos de tortura e flagelações.
Entretanto, vale fazer um pequeno recorte neste período quanto à ascensão dos preceitos do cristianismo, que contrariaram o ideal de perfeição divina e humana, advindos da Idade Antiga, passando a pregar a aceitação de todas as pessoas, independentemente de sua aparência, posição social ou de seu comportamento. A lógica religiosa cristã, diferentemente do padrão estabelecido de privilegiar os mais favorecidos filhos da aristocracia, voltava-se para a igualdade entre pobres, discriminados, doentes e deficientes.
Segundo SANTIAGO (2011), de modo geral, foram os letrados da Idade Média que, de posse da grande benevolência pregada pela igreja, assumiram incluir no debate sobre a natureza do homem, alguns aspectos de sua conduta como aceitáveis ou não. Neste contexto, a questão humanitária foi motivo de muitas discussões, e as deficiências transitaram entre a normalidade e a anormalidade, tendo a questão de classe como requisito básico.
Nos tempos mais recentes, ainda prevalecem as divisões e diferenças de classes sociais, todavia, o elemento novo é a mudança do paradigma da religião para a ciência. A ciência passou a ser a variável determinante, não só pelo aspecto sutil da exclusão das pessoas portadoras de deficiências, mas, também, pela busca de meios para facilitar a inclusão dessas pessoas nos padrões de normalidade determinados pela sociedade moderna.
Falta à modernidade dar ouvidos ao que pensa aos portadores de deficiência e eliminar de vez os conceitos e preconceitos que ainda são pautados pelo misticismo e estigmas históricos.

GEORGE WASHINGTON MELO: Mestrando em Ciências da Educação, Master em Finanças Corporativas pela FGV (RJ), Master em Gestão de Negócios -UFPE. Administrador - UEPB - Universidade Estadual da Paraíba (1982). Professor. Assessor de Planejamento do IPÊ - Institutos Paraibanos de Educação. Diretor do BMC - Business Management Center - UNIPÊ. Coordenador do UBS - UNIPÊ Business School. Coordenador do Curso de Pós-Graduação Gestão Estratégica dos Municípios do UNIPÊ. Consultor Financeiro. Palestrante.
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