quarta-feira, 14 de agosto de 2013

EDUCAÇÃO: APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO HUMANO





D
esde os idos de 1921, que psicólogos famosos concebem a inteligência como a capacidade que os seres humanos têm de aprender com a experiência, e que, ao mesmo tempo, vão utilizando esses novos conhecimentos para, a partir da compreensão e do controle de seus próprios processos do pensamento, conhecidos por metacognitivos, irem se adaptando ao meio que os cercam.


[...] a inteligência é a capacidade para aprender a partir da experiência, usando processos metacognitivos para melhorar a aprendizagem, e a capacidade para adaptar-se ao ambiente circundante, que pode exigir diferentes adaptações dentro de diferentes contextos sociais e culturais (STERNBERG, 2000, p. 400-401).
 
Mais recentemente, os especialistas consideraram que, dependendo da cultura em que vivi o homem, ele pode ser considerado mais ou menos inteligente. Todavia, há de se ressaltar que, o senso comum tem suas próprias concepções, avaliações e definições sobre o que é inteligência ou ser inteligente. E assim o que pode ser considerado inteligente num contexto pode não ser considerado em outro.

No dia-a-dia, nos deparamos com indivíduos que podem ser considerados inteligentes pelo que fazem. Por exemplo, o indivíduo é tido como inteligente por ser um gênio jogando futebol; o outro por ser um cirurgião por realizar uma cirurgia extremamente difícil; outro é o mecânico que resolve problemas impossíveis em veículos e máquinas; o contador pela habilidade em lidar com números; o cientista por proporcionar novas descobertas e melhorias para a humanidade etc. Como afirma Bock et al (2001): outras concepções de inteligência incluem a qualidade de adaptar-se a situações novas e aprender com facilidade.

As concepções científicas da inteligência não são muito diferentes das do senso comum, como relata Bock, transcrevendo parte do livro: Avaliação da Inteligência de Gohara Yehia:

[   ] em um simpósio sobre inteligência realizado em 1921, grande número de psicólogos expôs suas opiniões a respeito da natureza da inteligência. Alguns consideravam um indivíduo inteligente na medida em que fosse capaz de um pensamento abstrato; para outros, a inteligência era a capacidade de se adaptar ao ambiente ou a capacidade de se adaptar a situações relativamente novas ou, ainda, a capacidade de aquisição de novos conhecimentos. Houve várias teorias sobre inteligência: as que postulavam a existência de uma inteligência geral, as que postulavam a existência de várias faculdades diferenciadas e as que defendiam a existência de múltiplas aptidões independentes (BOCK et al, 2001, p.180 apud ANCONA-LOPEZ, 1987, grifo nosso).

Segundo Jesus (2009), da mesma forma que nos simpósios realizados até então, nos dias atuais ainda há muita divergência sobre o que é e como pode ser mensurada a inteligência humana. Ainda de acordo com Jesus (2009 apud STERNBERG, 1990), um bom método para entender a inteligência é por meio de modelos teóricos. E esses modelos, frequentemente, utilizam metáforas para explicar as pesquisas existentes, bem como para nortear questões futuras, como se pode observar no quadro abaixo.

METAFÓRA
CONCEPÇÃO
Metáfora Geográfica
A inteligência é vista como um mapa da mente. Alguns teóricos dessa visão são: Spearman (1927), Thurstone (1938), Guilford (1985), Cattell (1967), Vernon (1971) e Carrol (1993). A unidade básica de análise nessa metáfora é o fator, tipicamente eleito como a fonte das diferenças individuais. Algumas vantagens dessa visão: (a) especialização clara das estrutura mentais; (b) operacionalização direta por meio de testes mentais; e (c) disponibilidade de maquinário sofisticado para a implementação.
Metáfora Computacional
A unidade básica de análise é o processo elementar de informação. Algumas dos teóricos adeptos dessa visão são: Simon (1976), Hunt (1978) e Sternberg (1977). Os expoentes dessa visão geralmente utilizam em seus estudos análise do tempo de reação, análise de protocolos e simulação no computador. Entre as vantagens dessa visão estão: (a) sua especificação detalhada dos processos e estratégias mentais; (b) análise do tempo real em tarefas de execução; e (c) disponibilidade de maquinário sofisticado para a implementação.
Metáfora Biológica
Entre os principais teóricos dessa perspectiva estão: Luria (1973), Hebb (1942), Halstead (1951) e Vernon (1971). A Unidade principal de análise varia entre as teorias. Para Hebb, era a conjunção celular; para Vernon, é a velocidade da condução neuronal. Outros, como Luria e Halstead, propuseram teorias estruturais ligando partes do cérebro a várias funções intelectuais. Os métodos de análise utilizados incluem mensuração de potenciais evocados, de velocidade da condução neuronal, avaliação da especialização hemisférica e escaneamento de partes do cérebro envolvidas em diferentes tipos de tarefas mentais. Algumas vantagens dessa metáfora: (a) relaciona a inteligência com sua fonte no cérebro; e (b) geralmente utiliza técnicas de mensuração e experimentos precisos.
Metáfora dos Sistemas
Baseia-se na noção de que a inteligência é um sistema complexo que integra muitos níveis de análise, incluindo o geográfico, o computacional, o biológico, o antropológico e o sociológico. O sistema e seus elementos em interação são a unidade de análise. Entre os principais teóricos estão Gardner (1993), e Sternberg (1997). Algumas vantagens dessa metáfora são: (a) o reconhecimento da complexidade da inteligência; (b) a integração de múltiplos níveis de análise; e (c) a extensão de habilidades incluídas nas teorias.
Metáfora Sociológica
Essa metáfora enfatiza a importância da socialização para a inteligência. Entre os teóricos mais conhecidos são incluídos Vigotsky bem como Feuerstein (1980). Entre as vantagens dessa metáfora estão: (a) o reconhecimento da importância da internalização de experiências inicialmente obtidas com outros; (b) o reconhecimento do papel do mediador na internalização; (c) o reconhecimento da diferença entre a capacidade latente e habilidade desenvolvida.
Metáfora Genético-epistemológica
O principal teórico é Piaget (1972) e a unidade fundamental de análise é o esquema. Para Piaget o esquema está presente durante todo o desenvolvimento. O método típico de pesquisa sob essa visão é a observação via estudos de caso e experimentação. Algumas vantagens dessa metáfora são: (a) a compreensão que se tem dela como uma teoria de inteligência e desenvolvimento intelectual; (b) a quantidade expressiva de pesquisas realizadas sob o enfoque dessa metáfora com crianças de todas as idades ao redor do mundo; e (c) os detalhes com os quais muitas estruturas e processos são descritos.
Quadro: Metáforas Teóricas sobre a Natureza da Inteligência
Fonte: Adaptado de Jesus (2009 apud Sternberg, 1990)