sábado, 10 de agosto de 2013

EDUCAÇÃO: A GÊNESE DAS TEORIAS DA APRENDIZAGEM





O

 início do século XX, nos Estados Unidos, marca a aproximação e aplicação dos conhecimentos e dos métodos de pesquisa da Psicologia à Educação.



Segundo Schultz (2001), a natureza da psicologia americana e o tipo de trabalho que muitos psicólogos faziam sofreram uma drástica mudança, basicamente como resultado de oportunidades econômicas. O foco da psicologia americana passou da pesquisa para o laboratório universitário para a aplicação do conhecimento e das técnicas psicológicas a problemas do mundo real. Em comparação com outras disciplinas mais antigas, a psicologia sempre ficava em último lugar nas alocações de recursos; havia pouco dinheiro para projetos de pesquisa, equipamentos de laboratórios e salários dos professores. Os psicólogos logo perceberam que, se desejassem que um dia seus departamentos acadêmicos, orçamentos e rendas crescessem, teriam de demonstrar aos administradores universitários e aos legisladores que votavam as alocações de recursos a utilidade que a psicologia poderia ter na solução de problemas sociais, educacionais e industriais. Desse modo, com o tempo, os departamentos de psicologia passaram a ser julgados com base no seu valor prático.



Ao mesmo tempo, como decorrência do fato de uma nova e importante força social estar varrendo os Estados Unidos, apresentou-se uma atraente oportunidade de aplicação d psicologia a um problema prático. Devido ao influxo de imigrantes para os EUA perto da virada do século, e á sua alta taxa de natalidade, a educação pública tornara-se uma indústria em crescimento. Entre 1890 e 1918, as matrículas em escolas públicas tiveram um aumento de 700%, sendo construídas em todo o país novas escolas públicas à proporção de uma por dia. Muitos psicólogos aproveitaram essa situação e buscaram maneiras de aplicar o seu conhecimento e os seus métodos de pesquisa à educação. Esse foi o começo de uma rápida mudança de ênfase na psicologia americana – do experimentalismo do laboratório acadêmico para a aplicação da psicologia à aprendizagem, ao ensino e a outras questões praticas de sala de aula (SCHULTZ, 2001)



Muito embora a Psicologia Experimental tenha surgido na Alemanha, mas foi nos Estados Unidos que ela se desenvolveu, e possibilitou o surgimento das primeiras escolas e abordagens, tais como o Estruturalismo, de Edward Titchner (1867-1927), o Funcionalismo, de William James (1842-1910) e o Associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949).



O Funcionalismo é tido como a primeira sistematização genuinamente americana de conhecimentos em Psicologia. Uma sociedade que exigia o pragmatismo para seu desenvolvimento econômico acaba por exigir dos cientistas americanos o mesmo espírito. Desse modo, para a escola funcionalista de William James, importava responder “o que fazem os homens” e “por que o fazem”. Para responder a isto, W. James elegeu a consciência como o centro de suas preocupações e busca a compreensão de seu funcionamento, na medida em que o homem a usa para adaptar-se ao meio (BOCK. et al, 1993, p. 41).



O Estruturalismo preocupou-se com a compreensão do mesmo fenômeno que o Funcionalismo: a consciência. Mas, diferentemente de William James, Titchner tratou de estudá-la em seus aspectos estruturais, isto é, os estados elementares da consciência como estruturas do sistema nervoso central. Esta escola foi inaugurada por Wundt, mas foi Titchner, seguidor de Wundt, quem usou o termo estruturalismo pela primeira vez, no sentido de diferenciá-la do Funcionalismo. O método de observação de Titchner, assim como o de Wundt, é o introspeccionismo, e os conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente experimentais, isto é, produzidos a partir do laboratório (BOCK. et al, 1993).



O Associacionismo teve em Edward L. Thorndike sua figura principal, notabilizando-se como o primeiro a formular uma teoria sobre aprendizagem na Psicologia, priorizando sua produção pela utilidade do conhecimento ao invés de apenas filosófica. O termo associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por um processo de associação das ideias — das mais simples às mais complexas. Assim, para aprender um conteúdo complexo, a pessoa precisaria primeiro aprender as ideias mais simples, que estariam associadas àquele conteúdo.



Thorndike formulou a Lei do Efeito, que seria de grande utilidade para a Psicologia Comportamentalista. De acordo com essa lei, todo comportamento de um organismo vivo (um homem, um pombo, um rato etc.) tende a se repetir, se nós recompensarmos (efeito) o organismo assim que este emitir o comportamento. Por outro lado, o comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for castigado (efeito) após sua ocorrência. E, pela Lei do Efeito, o organismo irá associar essas situações com outras semelhantes. Por exemplo, se, ao apertarmos um dos botões do rádio, formos “premiados” com música, em outras oportunidades apertaremos o mesmo botão, bem como generalizaremos essa aprendizagem para outros aparelhos, como toca-discos, gravadores etc (BOCK. et al, 1993, p. 21).



Já no início do século XX outras importantes teorias foram desenvolvidas pela Psicologia Científica: o Behaviorismo, a Gestalt, a Psicanálise de Freud (1856-1939) e as teorias psicogenéticas de Jean Piaget (1896-1980), Lev Semonovich Vygotsky (1896-1934) e Henri Wallon (1879-1962), que, ainda no seu decorrer, foram sendo substituídas pelo Behaviorismo, Gestaltismo e pela Psicanálise.