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início do século XX, nos Estados Unidos, marca
a aproximação e aplicação dos conhecimentos e dos métodos de pesquisa da
Psicologia à Educação.
Segundo
Schultz (2001), a natureza da psicologia americana e o tipo de trabalho que
muitos psicólogos faziam sofreram uma drástica mudança, basicamente como
resultado de oportunidades econômicas. O foco da psicologia americana passou da
pesquisa para o laboratório universitário para a aplicação do conhecimento e
das técnicas psicológicas a problemas do mundo real. Em comparação com outras
disciplinas mais antigas, a psicologia sempre ficava em último lugar nas
alocações de recursos; havia pouco dinheiro para projetos de pesquisa, equipamentos
de laboratórios e salários dos professores. Os psicólogos logo perceberam que,
se desejassem que um dia seus departamentos acadêmicos, orçamentos e rendas
crescessem, teriam de demonstrar aos administradores universitários e aos
legisladores que votavam as alocações de recursos a utilidade que a psicologia
poderia ter na solução de problemas sociais, educacionais e industriais. Desse
modo, com o tempo, os departamentos de psicologia passaram a ser julgados com base
no seu valor prático.
Ao
mesmo tempo, como decorrência do fato de uma nova e importante força social
estar varrendo os Estados Unidos, apresentou-se uma atraente oportunidade de
aplicação d psicologia a um problema prático. Devido ao influxo de imigrantes
para os EUA perto da virada do século, e á sua alta taxa de natalidade, a
educação pública tornara-se uma indústria em crescimento. Entre 1890 e 1918, as
matrículas em escolas públicas tiveram um aumento de 700%, sendo construídas em
todo o país novas escolas públicas à proporção de uma por dia. Muitos
psicólogos aproveitaram essa situação e buscaram maneiras de aplicar o seu
conhecimento e os seus métodos de pesquisa à educação. Esse foi o começo de uma
rápida mudança de ênfase na psicologia americana – do experimentalismo do
laboratório acadêmico para a aplicação da psicologia à aprendizagem, ao ensino
e a outras questões praticas de sala de aula (SCHULTZ, 2001)
Muito embora a
Psicologia Experimental tenha surgido na Alemanha, mas foi nos Estados Unidos que ela se desenvolveu, e
possibilitou o surgimento das primeiras escolas e abordagens, tais como o Estruturalismo, de Edward Titchner (1867-1927), o Funcionalismo, de William James
(1842-1910) e o Associacionismo, de
Edward L. Thorndike (1874-1949).
O Funcionalismo
é tido como a primeira sistematização genuinamente americana de
conhecimentos em Psicologia. Uma sociedade que exigia o pragmatismo para seu
desenvolvimento econômico acaba por exigir dos cientistas americanos o mesmo
espírito. Desse modo, para a escola funcionalista de William James, importava
responder “o que fazem os homens” e “por que o fazem”. Para responder a isto,
W. James elegeu a consciência como o centro de suas preocupações e busca a
compreensão de seu funcionamento, na medida em que o homem a usa para adaptar-se ao meio (BOCK. et al, 1993,
p. 41).
O Estruturalismo preocupou-se com a compreensão do mesmo
fenômeno que o Funcionalismo: a consciência. Mas, diferentemente de William
James, Titchner tratou de estudá-la em seus aspectos estruturais, isto é, os
estados elementares da consciência como estruturas do sistema nervoso central.
Esta escola foi inaugurada por Wundt, mas foi Titchner, seguidor de Wundt, quem
usou o termo estruturalismo pela primeira vez, no sentido de diferenciá-la do Funcionalismo.
O método de observação de Titchner, assim como o de Wundt, é o
introspeccionismo, e os conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente
experimentais, isto é, produzidos a partir do laboratório (BOCK. et al, 1993).
O Associacionismo
teve em Edward L. Thorndike sua figura principal, notabilizando-se como
o primeiro a formular uma teoria sobre aprendizagem na Psicologia, priorizando
sua produção pela utilidade do conhecimento ao invés de apenas filosófica. O
termo associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se dá por
um processo de associação das ideias — das mais simples às mais complexas.
Assim, para aprender um conteúdo complexo, a pessoa precisaria primeiro
aprender as ideias mais simples, que estariam associadas àquele
conteúdo.
Thorndike formulou a Lei do Efeito, que seria de grande utilidade para a Psicologia
Comportamentalista. De acordo com essa lei, todo comportamento de um organismo
vivo (um homem, um pombo, um rato etc.) tende a se repetir, se nós recompensarmos
(efeito) o organismo assim que este emitir o comportamento. Por outro lado, o
comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for castigado (efeito)
após sua ocorrência. E, pela Lei do Efeito, o organismo irá associar essas
situações com outras semelhantes. Por exemplo, se, ao apertarmos um dos botões
do rádio, formos “premiados” com música, em outras oportunidades apertaremos o
mesmo botão, bem como generalizaremos essa aprendizagem para outros aparelhos,
como toca-discos, gravadores etc (BOCK. et al, 1993, p. 21).
Já no início do século XX outras
importantes teorias foram desenvolvidas pela Psicologia Científica: o
Behaviorismo, a Gestalt, a Psicanálise de Freud (1856-1939) e as teorias
psicogenéticas de Jean Piaget (1896-1980), Lev Semonovich Vygotsky (1896-1934)
e Henri Wallon (1879-1962), que, ainda no seu decorrer, foram sendo
substituídas pelo Behaviorismo, Gestaltismo e pela Psicanálise.